Do quase afogamento

subi as escadas com dificuldade.
os pés descalços hesitavam em cada degrau, no fim do lance de escadas coloquei outro comprimido embaixo da língua.
dentro da mão esquerda, bem apertados, outros dezesseis comprimidos, para tirar a dor, para sonhar, para nao sonhar, para nao enjoar, para fazer o coração parar.

a porta abriu e então fui carregada, dragada por um mar imenso e quente, escadas abaixo. o mundo todo na minha cabeça, e eu ouvia os pensamentos por traz das portas dos outros apartamentos.
a onda me levou nao sei como, apartamento adentro, gotas salgadas e quentes desciam pelo meu peito.
fui apertada, reclamada, fui salva.

todo esse tempo, ondeei em curvas, os pensamentos como flores frescas, remoendo sonhos mortos, palavras doces e amargas, corações duplos..
os sentidos psicodélicos de tudo e de todos, os amores de outrem, de seus sonhos, de seus planos que nao existem existindo.

e em um meio sorriso pude sentir, naqueles labios de-sempre-criança o halito quente dos sonhos suplantados, semeados e acolhidos no meu colchão...





só para nao esquecer: "a cada dia voce brilha mais"

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