-viu minha nova foto?- perguntei enquanto abria a foto na tela do computador
-vi, mas me pareceu tao má...- ele falou preocupado

-é mesmo? - fechar os olhos..... só... fecha-los..



caminhei pelo deserto ártico que montei em minha sala, tinha afastado os móveis por que eu nao cabia mais ali, e também por que poderia me debater contra minha vontade.
e então eu fiz o corte...uma linha perfeita.
com meu coração entre as maos eu fiquei muito tempo parada,
por que ele batia, tao forte, tao só, na palma de minha mao que imaginei os vizinhos levantando-se de suas camas quentes e abrindo as janelas para ver de onde vinha o retumbar.

é.. dentro de mim ele era tao fraco, sustentava ao que parecia somente a minha vida, e meus planos vazios. agora ele tinha o mundo.
a verdade é que em mim ele nao sustentava nada.
"a razao e o coração" ele me resumiu.

abri a caixa de madeira tao pequena em formato de baú, e o coloquei ali, nos retalhos de veludo macio e negro, que sobraram de minha consciência.
deitei um pouco no tapete vermelho, pensando, pensando no vazio dentro de mim... ví que nao tenho mais tanta força, que nao era meu coração que me movia junto a razao. fora sempre ela, sozinha.

vejo que sem essa força, que doei para alguem, (a força dos sentimentos) tao cedo em minha vida eu nao irei a lugar algum.
eu chorei um pouco dentro dos meus cabelos espalhados por ali, por que deixei-me envolver sem ainda ter as minhas asas, que perdi a tanto tempo.
eu nao tenho asas pra envolver, nao tenho asas para emprestar aos sonhos de mais alguem.

eu sabia de meus limites.... ainda assim...







... continua... quando eu souber algo mais... de mim.

Comentários

  1. Abri muitas vezes essa página. Vezes seguidas eu vim aqui e li. Levei-o pra casa, impresso em um papel que de tanto ser dobrado e desdobrado parece mais velho do que é; Incessantemente pensei em uma resposta, mas no final das contas não encontrei nenhuma, e acho que é porque ela não existe.
    Independemente disso, ainda acho seu coração um dos mais belos que conheci, de uma natureza tímida e instável, incorpóreo. Foi dificil imaginá-lo em um baú... preso, guardado. Ele nunca te moveu sami, então, mas sempre absorveu muito da tua dor, mesmo que imperceptivelmente;
    Imagino ele tão remendado quanto o meu, ou até mais.
    E se quer morrer de amor, dê-lhe o lugar que lhe pertence... pregado em uma porta.

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