no deserto-édem coberto de neve


de repente, quando percebeu que nao queriam ouvi-la ela grita chorosa: "me deixe sozinha!"

e as palavras ecoam em seus pensamentos confusos: "nao era sobre isso que eu falava? sobre estar MESMO muito sozinha? se era, porque a mando ir embora, por que nao tem interece de me ouvir, é claro"

sempre foi assim, possivelmente será sempre. Uma mente que lhe faz perguntas e as responde automaticamente, quase simultaneamente.
Dentro do seu "ad-aham"... seu eu antigo, cria um "eu" novo, uma forma simples de preservar.

ela está mesmo sozinha, e bem confusa. Uma delas, a primeira. A outra está dormindo...e a terceira, nao dá a minima, pois foi ela que gritou " me deixe sozinha!" e bateu a porta com força.

ela senta-se todos os dias e olha fixamente para o violino por um tempo que ela nao sabe definir o tamanho, talvez até que suas maos sobre os joelhos congelem de ficarem paradas. Namora-o, deseja-o, mas só toca nele para guarda-lo novamente na caixa de veludo-molhado azul.
E entao passa a reclamar que o tempo é curto demais, ou longo demais.

ela sabe que se sente só, sabe que esta deprimida por que a criatividade voltou de tal forma que ela largou a pilha de livros que tinha nas maos e correu para o "Livro inacabado" a fim de termina-lo.

e nao o termina, é claro. Mas escreveu furiosamente quase vinte paginas.

em dois segundos ela sente-se só, ela dorme eternamente, ela grita "me deixe sozinha"

"sonhe" seu irmao preto-e-branco disse. ela perguntou "com o que devo sonhar?" e ainda se pergunta, todo o tempo, mas nenhuma das outras duas dá nenhuma reposta, nada.
...



- atraz do retrato pálido há uma passagem, voce caminha por lá, e pode parecer eterno, ate que um dia, finalmente se depara com o "lugar-perfeito" que sempre procurou. Seus olhos percorrem-no e nunca encontram uma falha, nem um mísero defeito, e entao vem à sua mente o nome do lugar, chama-se "Indefinido". Só entao voce percebe, a cada cinco passos o lugar se modifica. Ora uma enseada de agua transparente, rodeada por pedras altas revestidas de folhas, e seus pés afundam na areia branca, ora é neste mesmo lugar é noite, tarde ou manhã. Mais cinco passos e está em um paraíso de mármore branco em detalhes de mármore de carrara cor-de-rosa, frio e lindo, os móveis de veludo vermelho, mais cinco e está em uma orla de floresta nevada, e ali ao longe vê uma pequena casa quentinha e coberta de neve. Depois de tanto tempo mudando, seus olhos se iluminam: Encontrou um defeito: nunca volta ao ponto que VOCE achou ser ideal, pois voce nao soube permanecer nele, arriscou mais cinco passos.

talvez este seja o segredo da minha alma, da alma para a qual voce olha agora, ou da outra que olhou pela ultima vez tanto tempo.

Comentários

  1. Se vc escrevesse um romance, ele seria algo inovador, introspectivo, feminino e gratificante.

    Parece q mergulho numa densidade fina, em um ar rarefeito, um sono q me arresta a sonhos, quem sabe pesadêlos...

    Preciso ler sempre o q vc escreve... talvez esteja ficando viciado...

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