procedimento
Tudo escuro.
A inconsciência era para ela como o pêlo de algum animal vivo, recem nascido, macia e quente, lembrava o veludo.. mas muitas coisas para ela lembram o veludo.
e agora ia embora....
Tentou mover-se e algo lhe doeu. Tudo lhe fugia, a deixava por completo, rapidamente.
Percebeu que a dor vinha de um ponto central. tocou o peito e encontrou...o que?
Vazio.
Fora cruel com aquele corte,
fora cruel quando abriu espaço entre as costelas, quando as empurrou com as pontas dos dedos, com unhas tao compridas..
Podia ter sido tudo muito mais delicado, menos doloroso, menos sangrento.
Estava feito.....entao, tentaria nao sentir falta dele batendo dentro do peito.
É obvio... ainda poderia imaginar o que quisesse, escrever o que quisesse, tinha tirado o coração, nada mais do que isto. Pensava agilmente, de forma livre.
A inconsciência era para ela como o pêlo de algum animal vivo, recem nascido, macia e quente, lembrava o veludo.. mas muitas coisas para ela lembram o veludo.
e agora ia embora....
Tentou mover-se e algo lhe doeu. Tudo lhe fugia, a deixava por completo, rapidamente.
Percebeu que a dor vinha de um ponto central. tocou o peito e encontrou...o que?
Vazio.
Fora cruel com aquele corte,
fora cruel quando abriu espaço entre as costelas, quando as empurrou com as pontas dos dedos, com unhas tao compridas..
Podia ter sido tudo muito mais delicado, menos doloroso, menos sangrento.
Estava feito.....entao, tentaria nao sentir falta dele batendo dentro do peito.
É obvio... ainda poderia imaginar o que quisesse, escrever o que quisesse, tinha tirado o coração, nada mais do que isto. Pensava agilmente, de forma livre.
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"por ele no lugar devido, pregado a uma porta"? as portas nem existem mais,
entao ele fica no baú.. para quando eu sentir fome.
entao ele fica no baú.. para quando eu sentir fome.
Portas não existem, como a ilusão nunca existiu. E não existem portas em mim quando se trata de você [eu as queimei todas]. O que existe é um grande corredor entre salas abertas, como o fluxo ininterrupto entre todas as coisas. Lugares ao qual eu tento me conectar e encho de espelhos, porque no fundo sou egoísta.
ResponderExcluirSim, te acho dolorosamente bela e sei que é ilusão (mesmo que na minha mente condicionada eu fique a me dizer 'ajoelhe-se mortal, eis a encarnação da bela Psique, adore-a até que seja desposada pelo Deus!'). E talvez essa seja a única verdade que eu prezo, porque é minha e de mais ninguém.
E mesmo que você faça isso a mim, e para tantos outros, te vestir desse véu de malicia e mentira, eu também o faço e tantas outras pessoas. Eu procuro ás vezes submergir disso, pra tomar ar, mas as pessoas são feias e más e egoístas. Ninguém pode me culpar por querer a mentira ás vezes, não?
Porque a verdade é uma merda, e a vida sem a mentira é ainda pior. Tudo o que vestimos e o que falamos... Não, nada é tão bonito e tão menos verdade do que deixamos parecer. E é isso, eu te amo por tua mentira, e por saber que mente. E porque meus olhos insanos (acham que) conseguem te ver através disso tudo. Eu passo muito tempo admirando teu coração, mesmo que ele esteja agora dentro do baú (e ele me parece apetitoso). Eu te amo porque a tua sala tem a cor dos meus olhos de mentira. E os espelhos que tem lá refletem você... e um pedaço inteiro de mim, falso - que é só um bálsamo pro meu ego, pra dizer em vão que eu não estive errada ou que você também não mentiu sobre isso.
A imagem de todos é feito disso, ninguém é tão inteiro assim, tão bom assim, tão inteligente assim, tão belo. Mas eu acredito na verdade inventada, que é o grande motivo pelo qual eu ainda estou aqui, viva e amando até o fim.
Então a verdade é que você cria situações em lugares e veste-se para a ocasião. Fala frases prontas porque já sabe o que elas provocarão. Escolhe a luz, a roupa, o cabelo e é infeliz porque sabe o fim da peça de teatro.
Foda-se! Eu leio muitos livros mais de uma vez, sabendo o final (e você já fez isso também, muito mais do que eu!). E mesmo assim eu ainda tenho o prazer de lê-lo, sôfrega, esperando a parte que eu sei que acontecerá (e gosto!).
A minha epifania sobre a tua verdade me veio há muito, muito tempo... E eu sei que você sabe disso também.
Hm... Li o texto mais uma vez e vi que pareci grosseira.
ResponderExcluirMas acho que é só verdade crua.
Terminei de ler pensando em uma musica bem especifica e um sorriso atravessado de fora a fora da minha cara amassada (de 8 da manhã);
ResponderExcluirNe Me Quitte Pas - Jacques Brel
Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
À savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
À coups de pourquoi
Le coeur du bonheure
Ne me quitte pas
Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'après ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embrasser
Je te raconterai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas
On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quite pas
Ne me quite pas
Je ne veux plus pleurer
Je ne veux plus parler
Je me cacherai là
À te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas
Sabe, Samira, acho que tu nasceu pra isso, pra escrever. Esse texto é um dos fragmentos de prosa poética mais intensos que já li, e aí estou falando também de Rimbaud e enfim... não é pouca coisa.
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